2. Informação primária e informação secundária

Qualquer documento arquivístico contém vários tipos de informação. Alguns podem ser considerados informação primária. Esta inclui obviamente o conteúdo audível ou visível de duração temporal, ou seja, os sinais de som e/ou imagem. Outros tipos de informação podem ser considerados secundários, pois desempenham um papel contextual ou de apoio em relação à informação primária. Isso pode incluir, por exemplo, a informação sobre os conteúdos (escrita talvez sobre um suporte físico), a informação sobre o próprio suporte ou, no caso de vídeo, o timecode embutido na própria faixa de vídeo.

Tanto as informações primárias quanto as secundárias fazem parte do documento audiovisual, esteja ele contido em um suporte ou em um arquivo digital. A importância de ambas varia conforme o conteúdo, o tipo de suporte e as necessidades dos usuários – atuais e futuros. A informação secundária, entretanto, torna-se um fator crucial na autenticação da informação primária transferida de um outro formato de suporte, e como fonte potencial para estudos e pesquisas. A informação secundária pode estar presente em conteúdos nativos digitais armazenados em arquivos digitais ou em conteúdos armazenados em suportes físicos. Quando um conteúdo armazenado em um arquivo digital é migrado de formato, ou quando um conteúdo armazenado em um suporte físico é transferido para arquivos digitais, deve se tomar cuidado para que a informação secundária não se perca. A combinação básica de informações primárias e secundárias é necessária para preservar permanentemente a essência de um documento, e é responsabilidade do arquivo definir de forma explícita essa combinação de informações através da análise criteriosa do uso real e potencial, bem como de considerações éticas, legais e outras institucionalmente regulamentadas.

Comentários:

Todos os metadados podem ser considerados informações secundárias, inclusive os dados acionados por máquinas para funcionalidades específicas, como os menus de DVDs e de jogos eletrônicos.

Em relação a vídeo, os termos “dados complementares” ou “dados associados” são utilizados frequentemente para descrever elementos como timecode, legendas e qualquer outra informação que não seja estritamente sonora ou visual.

Os suportes físicos podem frequentemente ser considerados como objetos culturais significativos por si próprios, como, por exemplo, os discos fonográficos produzidos em série. O valor intelectual e cultural das capas e dos rótulos dos discos comerciais deve ser levado em consideração.

Os pesquisadores podem considerar de especial interesse a informação secundária contida nos timecodes de vídeos, uma vez que podem fornecer indicações sobre os processos de edição de um produtor de TV.

Ao se digitalizar filmes, é importante, por questões de autenticidade, digitalizar todas as informações escritas ou registradas na película antes e depois das imagens principais, inclusive o formato e a dimensão das perfurações, seja como parte da cópia de preservação, seja pelo menos nos metadados.